Nikos Kazantzakis - Zorba, o grego

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011



Zorba, o Grego
Por Paulo Roberto Laubé, o Cabelo, do site Literatura Cotidiana.

Nikos Kazantzakis
Dois homens e uma amizade. Um vive e escreve o seu próprio destino, o outro luta para não se deixar empurrar pelo próprio destino. Entre eles: a liberdade. Estas duas experiências muito bem exploradas pelo autor permeiam todo o livro, que retrata uma jornada de dicotômicas almas que se encontram e se separam durante a vida.

Zorba, o Grego é a obra mais conhecida de Nikos Kazantzakis e data de 1942, quando a Grécia lutava contra a ocupação nazista. Georges Zorba era um operário que o escritor conhecera ao acaso e com quem, em 1917, tentara explorar uma mina de carvão. Após 25 anos, a convite do mesmo, repetiu a experiência, que foi curta e desastrosa, mas inesquecível, sobretudo devido à personalidade de seu companheiro Zorba. Ele era a encarnação do homem livre, do autêntico aventureiro, amante da vida intensa, de espírito límpido e isento de preconceitos, inspirando a personagem Alexis Zorba, o grego.

Este livro, sem dúvida, carrega alguns traços autobiográficos observados na caracterização do patrão, narrador personagem, o “mastigador de papel”, e o próprio Alexis Zorba, na medida em que representam uma relação de ego e alterego da personalidade do autor. O patrão polido e ponderado, apesar de toda a bagagem cultural adquirida nos livros, passa a aprender e se inspirar nas lições de Zorba, o qual assimilou e interpretou as próprias experiências de vida sempre norteadas pelo impulso.

A partir disso constrói-se uma bela e consistente amizade, muito embora ambos configurem-se quase opostos. Em comum fica evidente nas personagens o aspecto do machismo, tanto no autocontrole das emoções por parte do narrador, que reprime seus sentimentos, quanto na concepção de mulher tida por Zorba. Ilustra-se o exasperado machismo na explicação de Tio Anagnosti, influente cidadão da aldeia cretense onde se passa a história, a respeito de seu nato problema de audição: “E isso não é nada - disse ele - pois ela podia ter me feito cego ou débil mental, ou corcunda, ou então - que Deus me guarde - ela podia ter me feito mulher. A surdez não é nada, e eu me prosterno diante das graças da Virgem Santíssima!”

Em busca de novo ambiente, paisagens e explicações para sua busca interior, Kazantzakis passou quase toda sua vida em constantes peregrinações, assim como a sua personagem Zorba. Em 1923 na Alemanha, realizou uma excursão pelos lugares freqüentados por Nietzsche, cujo livro Assim Falou Zaratustra acabara de ler e que exerceu profunda influência sobre seu espírito. Na mesma época, em Berlim, conviveu com intelectuais ligados ao marxismo e passou a abraçar a idéia do socialismo, marcando sua vida. Em Zorba, o Grego nota-se a veia socialista do autor em uma oração do narrador, por exemplo: “E eu fazia projetos românticos - se a extração de linhita caminhasse bem - de organizar uma comunidade onde todos trabalharíamos, onde tudo seria comum, onde comeríamos todos a mesma comida e vestiríamos a mesma roupa, como irmãos. Criava dentro de mim uma nova ordem religiosa, gente de uma nova vida…”

Sua vasta obra, que retrata em parte as condições de vida da população grega, bem como a angústia do destino de sua própria vida, está permeada ora de misticismo, ora de forte realismo, acompanhada também de acentuado pessimismo.


DISPONÍVEL PARA EMPRÉSTIMO:
SETOR CIRCULANTE
1 EXEMPLAR:
KAZANTZAKIS, Nikos. Zorba, o grego. São Paulo: Abril Cultural, 1974. 369 p.

LIVROS DO AUTOR NA CIRCULANTE (DISPONÍVEIS PARA EMPRÉSTIMO):
Os irmãos inimigos. São Paulo: Círculo do Livro, 1991. 243 p.
O Pobre de Deus. São Paulo: Círculo do Livro, 1989. 336 p. (2 exs)
Testamento para el grego. Rio de Janeiro: Artenova, 1975. 356 p.

LIVROS DO AUTOR NO ACERVO (DISPONÍVEIS APENAS PARA CONSULTA):
Zorba, o grego. São Paulo: Abril Culturaç, 1983. 367 p.
Ascese: (salvadores dei). Rio de Janeiro: Record, 1959. 120 p. (2 exs)
O Cristo recrucificado. São Paulo: Abril Cultural, 1971. 519 p. (5 exs)

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