Nikos Kazantzakis - Zorba, o grego

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011



Zorba, o Grego
Por Paulo Roberto Laubé, o Cabelo, do site Literatura Cotidiana.

Nikos Kazantzakis
Dois homens e uma amizade. Um vive e escreve o seu próprio destino, o outro luta para não se deixar empurrar pelo próprio destino. Entre eles: a liberdade. Estas duas experiências muito bem exploradas pelo autor permeiam todo o livro, que retrata uma jornada de dicotômicas almas que se encontram e se separam durante a vida.

Zorba, o Grego é a obra mais conhecida de Nikos Kazantzakis e data de 1942, quando a Grécia lutava contra a ocupação nazista. Georges Zorba era um operário que o escritor conhecera ao acaso e com quem, em 1917, tentara explorar uma mina de carvão. Após 25 anos, a convite do mesmo, repetiu a experiência, que foi curta e desastrosa, mas inesquecível, sobretudo devido à personalidade de seu companheiro Zorba. Ele era a encarnação do homem livre, do autêntico aventureiro, amante da vida intensa, de espírito límpido e isento de preconceitos, inspirando a personagem Alexis Zorba, o grego.

Este livro, sem dúvida, carrega alguns traços autobiográficos observados na caracterização do patrão, narrador personagem, o “mastigador de papel”, e o próprio Alexis Zorba, na medida em que representam uma relação de ego e alterego da personalidade do autor. O patrão polido e ponderado, apesar de toda a bagagem cultural adquirida nos livros, passa a aprender e se inspirar nas lições de Zorba, o qual assimilou e interpretou as próprias experiências de vida sempre norteadas pelo impulso.

A partir disso constrói-se uma bela e consistente amizade, muito embora ambos configurem-se quase opostos. Em comum fica evidente nas personagens o aspecto do machismo, tanto no autocontrole das emoções por parte do narrador, que reprime seus sentimentos, quanto na concepção de mulher tida por Zorba. Ilustra-se o exasperado machismo na explicação de Tio Anagnosti, influente cidadão da aldeia cretense onde se passa a história, a respeito de seu nato problema de audição: “E isso não é nada - disse ele - pois ela podia ter me feito cego ou débil mental, ou corcunda, ou então - que Deus me guarde - ela podia ter me feito mulher. A surdez não é nada, e eu me prosterno diante das graças da Virgem Santíssima!”

Em busca de novo ambiente, paisagens e explicações para sua busca interior, Kazantzakis passou quase toda sua vida em constantes peregrinações, assim como a sua personagem Zorba. Em 1923 na Alemanha, realizou uma excursão pelos lugares freqüentados por Nietzsche, cujo livro Assim Falou Zaratustra acabara de ler e que exerceu profunda influência sobre seu espírito. Na mesma época, em Berlim, conviveu com intelectuais ligados ao marxismo e passou a abraçar a idéia do socialismo, marcando sua vida. Em Zorba, o Grego nota-se a veia socialista do autor em uma oração do narrador, por exemplo: “E eu fazia projetos românticos - se a extração de linhita caminhasse bem - de organizar uma comunidade onde todos trabalharíamos, onde tudo seria comum, onde comeríamos todos a mesma comida e vestiríamos a mesma roupa, como irmãos. Criava dentro de mim uma nova ordem religiosa, gente de uma nova vida…”

Sua vasta obra, que retrata em parte as condições de vida da população grega, bem como a angústia do destino de sua própria vida, está permeada ora de misticismo, ora de forte realismo, acompanhada também de acentuado pessimismo.


DISPONÍVEL PARA EMPRÉSTIMO:
SETOR CIRCULANTE
1 EXEMPLAR:
KAZANTZAKIS, Nikos. Zorba, o grego. São Paulo: Abril Cultural, 1974. 369 p.

LIVROS DO AUTOR NA CIRCULANTE (DISPONÍVEIS PARA EMPRÉSTIMO):
Os irmãos inimigos. São Paulo: Círculo do Livro, 1991. 243 p.
O Pobre de Deus. São Paulo: Círculo do Livro, 1989. 336 p. (2 exs)
Testamento para el grego. Rio de Janeiro: Artenova, 1975. 356 p.

LIVROS DO AUTOR NO ACERVO (DISPONÍVEIS APENAS PARA CONSULTA):
Zorba, o grego. São Paulo: Abril Culturaç, 1983. 367 p.
Ascese: (salvadores dei). Rio de Janeiro: Record, 1959. 120 p. (2 exs)
O Cristo recrucificado. São Paulo: Abril Cultural, 1971. 519 p. (5 exs)

Garcia Marquez - Cem Anos de Solidão

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011



Resenha de Cem anos de Solidão
Por Diego Jordan, do Nerds Somos Nozes.

Garcia Marquez
A história dos Buendia é narrada durante gerações, com filhos de sangue e adotados, que se foram com tiros na cabeça ou subindo aos céus, em um paredão por serem revolucionários ou fazendo xixi ao pé de uma árvore. Absurdos fantásticos e realismos coexistem no passar dos anos dessa família e do vilarejo onde moram, Macondo.

É exatamente em um emaranhado de acontecimentos improváveis que se tece um dos maiores e mais importantes - se não o maior e mais importante - romance latino do século XX (abro aqui propositadamente um parêntese para esboçar minha opinião sincera: ainda não li até hoje, um livro escrito por homem ou mulher das Américas melhor que este, para mim então ele é o melhor dentre os melhores). Seu nome? Cem Anos de Solidão.

Se você é uma pessoa que lê com um mínimo de freqüência e vez por outra se detêm lendo algo sobre literatura, já deve ter escutado falar deste livro. Se você é um ser que lê muito e não perde seu tempo de leitura APENAS com vampiros purpurinados ou romances água-com-açúcar, já deve tê-lo lido ou o mesmo encontra-se na sua lista.

Em um vilarejo afastado de qualquer civilização, no princípio visitado apenas por ciganos em seus tapetes voadores, e mais tarde por companhias bananeiras norte-americanas, se desenvolve uma pequena população. Macondo é o nome desse vilarejo, e seu principal fundador é José Arcádio Buendía, marido de Úrsula Iguaram, mãe do Coronel Aureliano Buendía, pai de dezessete filhos de dezessete diferentes mulheres. Estes mesmos filhos foram mortos um a um, justamente por serem filhos do coronel. Mas o coronel não foi o único filho de José Arcádio e Úrsula. Eles tiveram outros, que tiveram mais filhos, e esses filhos, assim como os pais e os avôs geraram mais filhos, e a história de cada um desses filhos é descrita e narrada até sua morte, ou até a sua estádia na terra, pois um deles sobe ao céu como um Anjo, talvez por ser a criatura mais racional que já existiu.

Cada um desses filhos tem sua partida descrita de uma maneira muito distinta uma da outra. Assim como Remédios, a Bela subiu ao céu; também tivemos o próprio coronel que morreu fazendo xixi ao pé da arvore onde seu pai outrora fora acorrentado por ficar louco, e onde literalmente vegetou até a morte. Tivemos ainda aquele que foi levado ao paredão por ser revolucionário, fim semelhante ao que foi dizimado em praça publica juntamente com outros manifestantes e dele ninguém nunca soube o verdadeiro fim, apenas o leitor. Uma das mortes que mais gostei, ou pelo menos a que mais me marcou, foi a de José Arcadio, o filho, que após tomar as terras dos vizinhos foi alvejado com um tiro de espingarda na testa e o sangue que verteu do buraco feito pela bala escorreu as ruas de Macondo, chegando à casa dos pais e anunciando a sua mãe, que pressentia, a fúnebre notícia.

Embora eu tenha me detido falando um pouco da morte dos personagens não é apenas de morte que fala o livro. Entre a narrativa serão percebidos temas como política, amor, família, amizade, misticismo, folclore e principalmente solidão. O titulo do livro não é em vão, a própria condição de Macondo, um povoado isolado e sem vias, tanto de saída quanto de acesso conhecidas ao mundo exterior (isso não quer dizer que ninguém tenha saído ou chegado a Macondo), já o fazem um lugar solitário por si só.

Porém, ainda mais Solitário que Macondo é cada um dos Buendía. A família parece sofrer de um problema crônico de solidão, e isso não ocorre pelo fato da pessoa estar sozinha fisicamente. Na realidade isso é até um tanto impossível para uma família tão grande. Poucos, ou apenas um personagem é realmente isolado, os demais sofrem de uma solidão intima, de uma solidão que acompanha cada ser humano, principalmente aqueles que são mais inquietos, que tentam sempre chegar a algum lugar e jamais chegam à lugar algum. Que querem mais por achar que a solução para o vazio está no volume material, ou naqueles que esbanjam todo este falado volume na tentativa de saber se são as farras, as festas e as bebedeiras que irão arrastá-los para fora do vazio em que se encontram.

Por fim, Garcia Marquez nos fala, nas próprias palavras do autor, das maravilhas da solidão compartilhada, de compartilhar o isolamento com alguém, mas não qualquer alguém, é o alguém com quem seu coração se isola e deixa-se solitário propositadamente, para esquecer-se do mundo, para ser egoísta. No fim, o livro fala tanto da solidão quanto de amor e família.


DISPONÍVEL PARA EMPRÉSTIMO
SETOR CIRCULANTE
8 EXEMPLARES:

Cem anos de solidão. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. 364 p.
Cem anos de solidão. Rio de Janeiro: Record, 1967. 394 p. (3 ex.)
Cem anos de solidão. Rio de Janeiro: Record, 1995. 394 p.
Cem anos de solidão. Rio de Janeiro: Record, 1996. 394 p. (2 ex.)
Cem anos de solidão. Rio de Janeiro: Record, 2003. 394 p.

LIVROS DO AUTOR NA CIRCULANTE (DISPONÍVEIS PARA EMPRÉSTIMO):
O amor nos tempos do cólera. Rio de Janeiro: Record, ed. 1985 (6 exs.), 1995 (2 exs.) e 2005. Média: 429 pág.
Chronicle of a death foretold. New York: Ballatine Books, 1984. 143 pág.
Crônica de uma morte anunciada. Rio de Janeiro: Record, ed. 1981 (2 exs.) e 2000 (2 exs.). Média: 177 pág.
Do amor e outros demônios. Rio de Janeiro: Record, ed. 1994 (3 exs.), 1996 e 2000. Média: 221 pág.
Doze contos peregrinos. Rio de Janeiro: Record, 1993 (2 exs.). 252 pág.
A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada. Rio de Janeiro: 1972. 158 pág.
A má hora: o veneno da madrugada. Rio de Janeiro: Record, 1974. 229 pág. (2 exs.)

LIVROS DO AUTOR NO ACERVO (DISPONÍVEIS APENAS PARA CONSULTA):
A aventura de Miguel Littin, clandestino no Chile (reportagem). Rio de Janeiro: Record, 1986. 127 pág.
O general em seu labirinto. Rio de Janeiro: Record, 1989. 281 pág.
A incrível e triste história da Cândida Erêndira e sua avó desalmada. Rio de Janeiro: 1972. 158 pág.

Herman Hesse - O Lobo da Estepe


 
Só para loucos
BERNARDO CARVALHO (colunista da Folha)


Hermann Hesse, Nobel de 1956.
Em meados dos anos 60, "O Lobo da Estepe" (1927), de Hermann Hesse (1877-1962), começou a ser lido como uma espécie de "O Pequeno Príncipe" por toda uma geração influenciada primeiro pela psicanálise e em seguida pelos ecos do movimento hippie.

Hesse virou moda. Seus livros foram devorados com um espírito de culto. Se você passou a infância naqueles anos psicodélicos, deve ter tropeçado pelo menos uma vez em algum dos romances do autor (Prêmio Nobel de 46), esquecidos na borda de uma piscina ou ao lado de uma cadeira de praia e discutidos pelos adultos como alegorias da procura espiritual do eu pelo viés do inconsciente psicanalítico ("Demian") ou do misticismo orientalista ("Sidarta").

É muito provável que a "literatura de mensagem" de Hesse, que tanto marcou os leitores nos anos 60/70, também esteja ironicamente na origem dos livros de Paulo Coelho, em seu aspecto massificado de "pérolas de sabedoria".

Ironicamente, porque, ao contrário do que pode parecer, "O Lobo da Estepe" não é um romance fácil. Ainda mais num mercado que é o avesso dos valores que o livro propõe, um mundo em que a idéia de autoconhecimento foi invertida e transformada em impostura e lugar-comum, vulgarizada como estratégia de marketing e vendas.

"O que chamamos cultura, o que chamamos espírito, alma, o que temos por belo, formoso e santo, seria simplesmente um fantasma, já morto há muito, e considerado vivo e verdadeiro só por meia dúzia de loucos como nós?", pergunta o protagonista.

Com a distância do tempo, a atual reedição (a 26ª) de "O Lobo da Estepe" prova que, a despeito de seu lado "filosófico", que o tornava aparentemente mais acessível nos anos 60, o romance de Hesse é, do ponto de vista literário, extremamente complexo, imaginativo e inovador para a época em que foi escrito. Um texto que oscila entre o simbolismo e o surrealismo, criando um mundo onírico que lembra os pesadelos das novelas de Schnitzler e dos contos de Hoffmann.

A misantropia, o solipsismo e a inadequação de seu protagonista ao mundo, descontadas as eventuais referências à ânsia de um "encontro com Deus", também estão de alguma forma na origem dos personagens de Thomas Bernhard: "O Lobo da Estepe, o sem pátria e solitário odiador do mundo burguês. (...) Não se devem considerar suicidas apenas aqueles que se matam. (...) Essa classe de homens se caracteriza na trajetória de seu destino porque para eles o suicídio é a forma de morte mais verossímil (...). Não estou satisfeito em ser feliz. (...) A infelicidade de que necessito (...) me permitiria sofrer com ânsia e morrer com prazer. (...) Anseio por uma dor que me prepare e me faça desejar a morte", diz o narrador do romance de Hesse.

Bernhard chegou a declarar numa entrevista à TV austríaca: "Quando descrevo este gênero de situações centrífugas encaminhadas na direção do suicídio, trata-se certamente da descrição de estados em que eu próprio me encontro e em que, por outro lado, talvez me sinta bem enquanto escrevo, justamente porque não me suicidei, porque escapei disso".

Assim também, ao final de "O Lobo da Estepe", o protagonista entra num teatro mágico, que lhe abre, como uma droga, as portas da percepção para o interior do seu inconsciente e se depara com um letreiro que lembra bastante a literatura de Bernhard: "Delicioso suicídio! Você se arrebenta de rir!".

Todo o problema do personagem do livro de Hesse é um permanente mal-estar cuja fonte é a inadequação do seu espírito à sociedade, à massa, à média e à vulgarização burguesa da vida e dos valores. É por isso que ele se define como "lobo da estepe".

Aos 48 anos, aluga um quarto mobiliado na casa de uma senhora onde passa a viver isolado do mundo. É um intelectual misantropo. Suas andanças são ao mesmo tempo um mergulho simbólico dentro de si mesmo e uma redescoberta sensorial dos prazeres físicos.

Quando sai para a rua, as coisas se sucedem como se ele estivesse sonhando ou alucinando e como se tudo dissesse respeito a si mesmo. Um mundo bem mais imaginário e simbólico do que real.

A certa altura, recebe de um propagandista ambulante um panfleto que é a espantosa análise de sua própria personalidade. Encontra uma mulher que é, ao mesmo tempo, a lembrança de um amigo de infância e seu duplo. É levado a um teatro mágico, "só para loucos", cujo efeito é semelhante ao de uma droga de autoconhecimento.

A duplicação de si se estende por todo o romance e culmina no jogo de espelhos desse teatro mágico, em que o protagonista descobre que o eu é múltiplo. O autor se duplica em narrador e este, em elementos de sua própria narrativa: "Assim como a loucura, em seu mais alto sentido, é o princípio de toda sabedoria, assim a esquizofrenia é o princípio de toda arte, de toda fantasia". Ao que só lhe resta, como em Thomas Bernhard, "viver e aprender a rir".


DISPONÍVEL PARA EMPRÉSTIMO
SETOR CIRCULANTE

O Lôbo da estepe. Rio de Janeiro: Record, 1955. 244p. (2 exs.)
O Lôbo da estepe. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. 200 p.
O Lôbo da estepe. Rio de Janeiro: Record, 1995. 224 p.
Steppenwolf. Lodon: Penguin Books, 1965. 253 p.

OUTROS LIVROS DO AUTOR DISPONÍVEIS PARA EMPRÉSTIMO:
Caminhada (romance). Rio de Janeiro: Record, 1920. 114 p. 2 exemplares
Contos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. 131 p. 2 exemplares.
Demian: história da juventude de Emil Sinclair (romance). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1976. 6 exemplares
Demian. Rio de Janeiro: Record, s/d. 187 p. 3 exemplares.
Demian. Rio de Janeiro: Record, 2000. 187 p. 2 exemplares.
Este lado da vida (romance). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1954. 284 p.
Este lado da vida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. 294 p.
Gertrud (romance). Rio de Janeiro: Record, 1995. 166 p. 2 exemplares
Gertrud. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. 175 p. 2 exemplares
Knup (romance). Rio de Janeiro: Record, c1949. 129 p. 4 exemplares
Knup: três episódios de sua vida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. 130 p.
Knup: três episódios de sua vida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973. 130 p. 3 exemplares.
O livro das fábulas (romance). Rio de Janeiro: Record, c1954. 233 p. 2 exemplares
Narciso e Goldmund (romance). São Paulo: Brasiliense, 1969. 247 p.
Narciso e Goldmund. São Paulo: Brasiliense, 1970. 247 p.
Narciso e Goldmund. São Paulo: Brasiliense, 1972. 247 p. 2 exemplares
Narciso e Goldmund. Rio de Janeiro: Record, c1930. 247 p.
Para ler e guardar. Rio de Janeiro: Record, 1975. 178 p.

Para ler e pensar(coletânea de pensamentos de livros e cartas). Rio de Janeiro: Record, 1971. 214 p. 6 exemplares.
Pequeno mundo: contos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1970. 261 p.
Rosshalde (romance). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971. 184 p.
Rosshalde (romance). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972. 184 p.
Sidarta (romance). Rio de Janeiro: Opera Mundi, 1970. 196 p. 5 exemplares
Sobre a guerra e a paz (ensaio) - 1 exemplar
Transformações (poesias) - 1 exemplar
O último verão de Klingsor (romance) - 1 exemplar
Viagens ao oriente (romance) - 1 exemplar

PARA CONSULTA (não disponível para empréstimo):
Minha fé (pensamentos). Rio de Janeiro: Record, 1971. 128 p.
Obstinação (biográfico). Rio de Janeiro: Record, 1972. 222  p.
Pequenas alegrias. Rio de Janeiro: Record, c1977. 317 p
Sonho de uma flauta e outros contos - 1 exemplar
Vivências: trechos escolhidos - 1 exemplar

Ernesto Sábato - O Túnel

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

E então sentia que o meu destino era infinitamente mais solitário do que eu havia imaginado. 
(O Túnel, Ernesto Sábato)


Sinopse escrita por Simão Fonseca, do blog ContraCultura Aplicada:

Ernesto Sábato
Visivelmente emocionado e emerso num choro de alegria, Ernesto Sabato abraçou o amigo José Saramago aquando da distinção de honra no III Congreso Internacional da Língua Espanhola em 2004. O escritor, ensaísta e pintor nasceu em 1911 e morreu este ano - a escassos meses de completar um século de vida - vítima de bronquite. Consigo deixou um legado de crónicas, quadros e uma profunda reflexão sobre o valor do Homem e a sua importância enquanto ser consciente e pensador. Entre as suas maiores obras encontra-se este túnel.

O Túnel aborda a vida do pintor famoso, de Buenos Aires, Juan Pablo Castel e toda a sua solidão e crise existencialista. Narrado sempre na primeira pessoa, o livro abre com a confissão de um crime de Castel, que se dirige ao leitor a contar-lhe que assassinou uma mulher. Após pintar um quadro onde figura uma casa à beira-mar e uma mulher espreitando à janela, Castel exibe-o numa casa de artes onde acaba por se aperceber que, para além das habituais figuras que povoam aqueles ambientes - que ele próprio despreza -, se encontra presente uma jovem bela que observa o quadro e o inquieta. A partir daqui, o nosso personagem fica obcecado por esta mulher e decide ir à procura da mesma na baixa da cidade; assim que a vê, o coração de Castel fala mais alto que o seu raciocínio e interpela María Iribarne e confessa-lhe, desesperado, que a deseja ter para si mesmo.

Como em muitos romances existencialistas, as personagens apresentam-se envoltas num clima de depressão profunda e têm dificuldades em exteriorizar os seus sentimentos e, acima de tudo, compreender o que os rodeia, desprezando-os quase sempre. Castel, obviamente perturbado e constantemente a reflectir sobre a sua condição humana, vive no seu mundo, no seu túnel, até que começa a sair e a ter relações com María, acreditando que ela é só sua e que mais ninguém a pode ter. Tal como o seu quadro - um dos pontos mais simbólicos da obra – María encontra-se num quarto que não é o de Castel; este quarto pode ser interpretado como um retiro que o próprio pintor procura e está ligado à casa de praia que a sua amante possui. Mergulhado em constantes desabafos anti-humanidade, Castel julga ver em María a saída do seu túnel, a sua salvação e esperança.

O Túnel é uma obra de fácil leitura e ao mesmo tempo de lenta digestão. A escrita de Sabato é extremamente densa do ponto de vista psicológico e desoladora em termos humanos, criando personagens que buscam a felicidade quando já há muito que estão condenadas à dor que a solidão causa. A par deste romance, Sabato – o “irmão mais velho” de José Saramago, escreveu mais dois de forte impacto no mundo hispânico e europeu, apesar de ter dedicado grande parte da sua vida à pintura e a ensaios.  

DISPONÍVEL PARA EMPRÉSTIMO
SETOR CIRCULANTE
3 EXEMPLARES
ERNESTO SÁBATO. O Túnel. São Paulo: Círculo do Livro, 19--. 124 p. (2 exs)
ERNESTO SÁBATO. O Túnel. Rio de Janeiro: F. Chaves, 1981. 121 p.

OBRAS DO AUTOR NA CIRCULANTE (DISPONÍVEIS PARA EMPRÉSIMO):
Abadon, o Exterminador (romance). Rio de Janeiro: F. Alves, 1981. 285 p.

Ismael Kadaré - Abril Despedaçado


[SINOPSE DO LIVRO]

Ismael Kadaré
É o mês de abril de algum ano da década de 1930. O cenário são os montes Malditos do norte da Albânia. Ali o século XX se manifesta apenas pela passagem esporádica de um avião. Sob os cumes nevados há um reino de bruma, um universo medieval que deita raízes em tempos homéricos.

Um código de leis não escritas, o Kanun, rege a vida e a morte dos montanheses. Seu valor supremo é a honra. Em nome dela, famílias inteiras passam gerações a se matar - a "recuperar o sangue" em rituais infindáveis de vingança. O Kanun é implacável: determina qum matará e quem será morto, especifica minuciosamente quando, onde e como.

À sombra dessa "Constituição da morte", Ismail Kadaré recorta a silhueta trágica de suas personagens e as acompanha até a fronteira da loucura.

DISPONÍVEL PARA EMPRÉSTIMO
SETOR CIRCULANTE
1 EXEMPLAR

Abril despedaçado. Sâo Paulo: Companhia das Letras, 2001. 201 p.

LIVROS DO AUTOR NA CIRCULANTE (DISPONÍVEIS PARA EMPRÉSTIMO):
Dossiê H. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. 191 p.
As frias flores de abril. Rio de Janeiro: Objetivo, 2001. 174 p. 2 exemplares.
A pirâmide. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 144 p.
A ponte dos três arcos. Rio de Janeiro: Objetivo, 1999. 154 p
Três contos fúnebres para o Kosovo. Rio de Janeiro: Objetivo, 1999. 3 exemplares.

Começando...

As pretenções aqui são poucas. Para mim, basta simplesmente fazer notar alguns bons títulos que se encontram escondidos na Biblioteca do Estado. Alguns são clássicos renomados, outros são mais discretos, mas sempre produções que trouxeram algo de novo ou surpreeendente para nossa cultura e para a história humana.